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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

IMPERMANÊNCIAS 59



Sufi
(Rumi)



Vem,
Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.

Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.

Cada átomo
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.

..................................

À noite, pedi a um velho sábio
que me contasse todos os segredos do universo.
Ele murmurou lentamente em meu ouvido:
- Isto não se pode dizer, isto se aprende.


...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

INTERMEZZO


Eterno retorno



Depois de uma semana corrida, quando fiquei vários dias sem postar, estamos de volta. A preparação da apresentação para o 7º Congresso da ANJ, em São Paulo, e a finalização do projeto da Central de Interatividade, para A TARDE, tomaram bastante tempo nestas duas semanas, mas valeu a pena.

Além do aprendizado e dos bons contatos no Congresso, também foi muito bom reencontrar amigos e ver que os bons profissionais continuam sempre crescendo. E quando falo em "bons" não me refiro apenas à parte técnica.

Para arrematar, aqui vai um pouco de Leminsky, para comemorar o Dia da Poesia:

"04 e 05"

LÁPIDE 1
epitáfio para o corpo
Aqui jaz um grande poeta.
Nada deixou escrito.
Este silêncio, acredito
são suas obras completas.

LÁPIDE 2
epitáfio para a alma
aqui jaz um artista
mestre em disfarces
viver com a intensidade da arte
levou-o ao infarte
deus tenha pena
dos seus disfarces

Paulo Leminsky

segunda-feira, 12 de maio de 2008

IMPERMANÊNCIAS 32


O Meu Olhar



Alberto Caeiro

O meu olhar é nítido como um girassol
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)