A carta de número 2 do Tarô é a Sacerdotisa ou Papisa. É o arquétipo feminino mais básico, ligado à maternidade ainda no estágio da concepção, e também à criatividade e à intuição. Representa a ligação do ser ao seu próprio inconsciente. Por isso, no Tarô Mitológico, a carta é representada por Perséfone, a esposa de Hades, deus grego das profundeza, do inferno, do subconsciente. Ou seja, onde enterramos nossos monstros e fantasmas. Perséfone foi raptada por Hades, e ele, pressionado pelos deuses, acabou fazendo um acordo, onde a mulher passava todos os anos seis meses na superfície e seis meses no inferno.Perséfone tornou-se, então, um ser cambiante entre os dois mundos, entre a luz e a escuridão, entre o conhecido e o misterioso, entre o consciente e o inconsciente. A mãe de Perséfone era a deusa Ceres, ligada à agricultura. Por isso, Perséfone também é vinculada à imagem da semente, que é enterrada, passa as estações frias debaixo da terra, e depois irrompe para viver sob a luz do sol o resto do ano. Depois de colhida, ela é enterrada novamente, reiniciando o ciclo.
Daí, a necessidade de que certos conceitos e sentimentos sejam enterrados e morram para
ressuscitar de forma iluminada e produtiva. É o sacrifício da semente. O mito do herói ressuscitado está muito presente na história da Humanidade, passando por figuras sagradas em diversas culturas, como Jesus, Orfeu e Osíris.Se na primeira carta do tarô, o Mago, o desafio é iniciar a caminhada, fazer descobertas e enfrentar as próprias limitações, a Sacerdotisa leva o ser a uma visita ao que ele tem de mais profundo. E mais, ela traz para o lado de fora – o consciente – as revelações necessárias para a vida aquele momento.
Por isso, a carta também é ligada à criatividade, à intuição, àquilo que está sendo gerado no interior do ser. Está ligado ainda ao estágio em que o ser humano está tão profundamente ligado à mãe que ainda vê a si mesmo e ela como um só ser. A consciência do Eu começa a ser construída e isso implica percepção do outro, diferenciação, separação, dor, descoberta e, finalmente, crescimento.

Ilustrações:
1 – A Sacerdotisa – baralho do Tarô Mitológico
2 – A Papisa – baralho do Tarô de Marselha3 – A Sacerdotisa – baralho do Tarô de Aleister Crowley






















